segunda-feira, 18 de julho de 2011

Por Ti Resistirei – Júlio Magalhães



Confesso que aquando da edição do primeiro livro de Júlio Magalhães, “Os retornados”, não fiquei minimamente interessado na sua leitura. No entanto, e a conselho, li o seu segundo livro “Um amor em tempos de guerra”, e fiquei bastante surpreendido com a boa qualidade da narrativa. A história era boa, bem escrita e o contexto histórico bem situado e explicado.

Dessa forma foi com entusiasmo que há um ano li o seu terceiro título “Longe do meu coração” e, simplesmente, achei o livro mau. De qualidade inferior, uma narrativa apressada e quase vazia de conteúdo, confesso a minha admiração na altura face a tão fraco livro só compreensível, pensei eu na altura, face a um compromisso editorial assumido.

Ou seja, tendo como meio de comparação dois romances, dei o benefício da dúvida ao autor e foi até com algumas expectativas que empreendi a leitura deste novo romance “Por ti resistirei”.

O que expectativas eram essas?

Um livro semelhante, quanto à qualidade da narrativa, a “Um amor em tempos de guerra”, uma história interessante num contexto que muito tem por explorar.

Enfim…

Debalde!

Não posso dizer que foi uma grande decepção porque essa tive-a no ano passado, mas não é que este consegue ser pior do que o anterior?

Não vou aqui atormentar-me a mim próprio referindo a história, isso é algo que podem ler em dezenas de blogs e no site da editora, mas que posso dizer sobre tamanha pobreza?

Conteúdo Histórico… nickles, batatóides e o autor até assume (vi no youtube) que fez pesquisa.

Estrutura narrativa, enfim, capítulos curtíssimos que terminam sempre em suspense, ou tentam terminar, pois a partir de certa altura, ou seja quase de inicio, aquilo é tão enfadonho e sem interesse, que tem tanto de suspense como qualquer episódio do Noddy.

Eu até percebo a ideia do autor, mas ele falha redondamente e porquê?

Porque, a meu ver, tenta construir uma história de amor entre um português e uma judia francesa. No entanto as bases são muito fracas e muito mal explicadas, omitidas até, pois há situações tão ingénuas que tornam os diálogos e o trama verdadeiramente inverosímil.

O contexto é excelente e considero ter o autor um enorme manancial que podia explorar (2ª Guerra Mundial. Perseguição aos Judeus. Trabalho de Aristides de Sousa Mendes. Os interesses do Estado Português. O circulo de espionagem em Lisboa, etc, etc. Tantos), no entanto nada disto é explorado. No máximo aflorado, pois a história centra-se de uma forma muito intensa e exclusiva entre os dois principais protagonistas e tudo o resto é secundário. Já percebi que é o estilo do autor, pois faz o mesmo no romance anterior, mas a mim não me cativa, aborrece-me, irrita-me.

Este é pois um mau romance. Cheio de situações que nunca convencem, de diálogos bacocos, sem gás, sem interesse, que facilmente nos permite longos bocejos tal a fragilidade de todo o enredo e das situações criadas para descrever uma mera e inverosímil história de amor.

Nota final para a capa. Nunca dou grande importância a capas, mas penso que as mesmas devem ser o mais precisas possível quanto ao conteúdo. Neste caso a capa mostra um soldado britânico e uma jovem senhorita. Que erro, pois o mister em questão não é soldado, nem sequer britânico.

3 comentários:

Paula disse...

Gostei do teu comentário :)

Nunca li nada do autor, apesar de ter cá um livro em casa, mas depois das primeiras páginas desisti :P
Surgiu numa altura em que vários jornalista começaram a escrever e achei que talvez fosse apenas mais um :P (preconceito? Talvez) depois a leitura não me prendeu e foi o livro para a prateleira...

Unknown disse...

Confesso que, apesar de ter lá por casa os livros dele, nunca li nada do Júlio Magalhães. Eu que sou tão fã de romances históricos ainda não tive coragem de começar a lê-los. Talvez porque fiquei tão desiludida com o livro que li do Domingos Amaral e com os últimos do José Rodrigues dos Santos. Salva-se, na minha opinião, o Tiago Rebelo (também só li um livro dele ainda)...
Obrigada pela dica

NLivros disse...

Boas!

Bom, eu confesso a minha desilusão. Não pelo facto do autor não saber escrever e contar uma história, mas por perceber que as editoras, em prol da sobrevivência, publicam o que lhes dá dinheiro e não aquilo ou, raramente aquilo, que tem qualidade.