segunda-feira, 16 de maio de 2011

Filhos e Amantes – D.H. Lawrence


Escrito em 1913, Filhos e Amantes é um dos romances mais famosos de D.H. Lawrence, autor britânico que, com a sua conduta pessoal que expressava nas suas obras, escandalizou a tradicionalista sociedade britânica, ao tempo ainda tão apegada aos valores vitorianos.

A vida de D.H. Lawrence dava ela própria um romance digno da sua autoria. Bastante controverso, Lawrence, que casa com a mulher de um seu antigo professor e depois foge com ela para a Alemanha onde ela era natural, constrói uma obra considerada obscena na época mas que teve o mérito de abordar assuntos tabus.

Filhos e Amantes é pois uma obra escrita no período de maior aventura do autor e tece uma apurada reflexão sobre as relações humanas, o impacto das industrialização e, sobretudo, é um exercício apuradíssimo sobre o complexo de Édipo em contraponto com o complexo de Jocasta.

Não vou tecer considerações sobre a forma como Lawrence o faz, mas para além desta obra ser autobiográfica, é exímia a forma como o autor vai jogando com todos estes assuntos, construindo todo um painel de personagens que interagem e que nos permitem ficar com a clara noção de como era viver no seio da classe operária, como também foi a infância do próprio autor e da sua obsessão pela mãe.

A história é-nos narrada desde o casamento dos Morel.

Desde o início que percebemos que entre o casal há um total desencontro, causando alguma estranheza como é que pessoas tão diferentes se casam. Enquanto Mr. Morel gostava de ir para o pub depois do trabalho na mina, Mrs. Morel era uma pessoa culta, destinada a uma vida numa escala social onde se vê cair.

Depressa o ódio vai nascendo em Mrs. Morel e é no nascimento dos filhos que a mesma começa a ter alguma fé no seu futuro, pois julga que os mesmos estão destinados a altos voos.

É um livro poderoso, de uma intensidade psicológica muito elevada onde transborda um imenso amor entre mãe e filho; As últimas páginas são pungentes e expressam, de uma forma violenta, esse sentimento. Não esquecer que o complexo de Édipo é aqui explorado e é nele que o autor se segura nas últimas páginas.

1 comentário:

SEVE disse...

Iceman - deixou-me curioso quanto a esta obra, eu que tinha (tenho?) algumas dúvidas sobre este autor...O seu blogue, para quem gosta de livros (como eu), é uma maravilha!