domingo, 16 de janeiro de 2011

Verdadeira Peregrinação (A) – Sónia Louro


Sónia Louro é autora de um dos livros mais fracos que alguma vez li.

Viriato – O Filho Rebelde”, é um livro mau, um péssimo início de carreira para Sónia Louro que teve a coragem de continuar, sendo que “Cônsul Desobediente”, onde a autora romanceia a vida de Aristides de Sousa Mendes, é já um livro muito satisfatório onde se nota uma imensa evolução.

“A Verdadeira Peregrinação” é o seu quarto romance histórico e, pese embora não tenha lido “A Vida Secreta de D. Sebastião”, penso que Sónia Louro envereda aqui por um caminho algo perigoso e que lhe pode impedir a boa evolução que atrás referi.

Neste último romance a autora tenta fazer um registo que misture ficção histórica ao thriller, algo como Dan Brown ou José Rodrigues dos Santos, curiosamente ambos os autores mencionados neste livro e onde se nota que Sónia Louro se inspirou.

No entanto, e embora a história de fundo seja muito interessante: a Peregrinação de Fernão Mendes Pinto, no que toca à parte do thriller, a autora denota uma enorme ingenuidade e uma fraca capacidade para construir um trama coerente, lógico e interessante.

A história começa quando Guilherme se desloca ao cemitério para aí levantar os ossos do avô falecido há 7 anos. Junto às ossadas, o coveiro um pingente de prata que entrega a Guilherme. Surpreendido por tal objecto, Guilherme depressa constata que dentro do pingente se encontra um papel dobrado que tem uma frase: “o rir e penar dá graça e é vida. Confiscar”

A partir daí nasce toda uma série de mistérios, perseguições, roubos e agressões em roda de um mistério maior, supostamente encriptado num misterioso volume supostamente escrito por Fernão Mendes Pinto: “ A Verdadeira Peregrinação”.

Gostei da narrativa atribuída a Fernão Mendes Pinto, assim como das considerações de Francisco Fonseca, no entanto no que respeita aos mistérios, cifras e demais enigmas, achei muito fraco e incoerente.

Logo à partida duas questões se colocam: quem colocou o pingente junto ao corpo do avô de Guilherme e porquê? Será que isso é respondido durante a narrativa? Não!

Depois estamos todo o livro à espera do grande mistério que Fernão Mendes Pinto escondeu na obra e no final…

Guilherme, ele próprio, admite que nunca sequer conseguiu resolver umas simples palavras cruzadas, mas, depois, ele e a avó, que apenas leu sobre isso nos tais romances de Brown e Rodrigues dos Santos, são capazes de decifrar cifras e sistemas complicados. Pouco coerente!

Mas há mais. Há todo uma série de incoerências que tornam o texto frágil, pouco credível e até irritante, principalmente quando chegamos ao fim e nos apercebemos que a “montanha pariu um rato”.

Mas pronto, pode ser que a autora evolua nesse aspecto, porém e na minha opinião, fazia melhor em seguir o género romance histórico e deixar de lado o thriller histórico, até porque, face à saturação do mercado, esse género foi chão que já deu uvas.

2 comentários:

Paula disse...

Oh Iceman, uma curiosidade...
Sabendo que a autora é assim...pró péssimo continuas a ler??
:) tens esperança que melhore?? :P
Um abraço

NLivros disse...

Olá Paula!
Bem observado.
Há duas questões distintas.
A primeira foi porque não gostei de Viriato mas gostei do Consul e pensei que este podia estar na linha do Consul.
Depois porque foi a editora que mo enviou.
Mas, provavelmente, não voltarei a ler Sónia Louro.
Abraço!